Desabafo


Olho para o celular várias vezes.


Parece que ouvir tocar.


Meus próprios ouvidos me enganam.


Nesse reflexo sonoro inexistente reparo que ainda estou pensando em você.


Talvez porque eu não tenha o costume de esquecer ou por simples carência. Ainda não sei, to decidindo.


A verdade que eu ainda espero. Mesmo depois de tudo, mesmo depois das decisões, do afastamento quase que definitivo, das vidas desenlaçadas, das escolhas separadas, ainda espero.


Só espero porque não me enchi de outra coisa, ainda está você no meu vazio.


O tempo pára enquanto eu reflito, e isso não é bom, porque ao pedir para esquecer, lembro. E vindo a lembrança saio correndo dela, mas não importa para onde eu fuja ainda estarei em mim e assim sendo estarás aqui.


Mas nem as palavras me querem ouvir, então as deixo ir.

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Pessoal


Enquanto Bob Dylan sussurra em meus ouvidos, embora eu não preste atenção nele, sinto sua melodia me despertar dores em lugares que sequer conhecia, e isso me faz lembrar palavras sábias: _ Escreve que melhora!

Acatando, quase como uma ordem, me atenho a escrever essas meras palavras cheias de querer e intenções, no entanto vazias de vontade e expectativas.

Não sei bem se quero que essas palavras registrem alguma coisa, mas elas me são agora como lágrimas que a gente joga fora só para ver se com elas toda nossa confusão se esvai.

Sinto correr uma incerteza por todo meu corpo. É como se os sentidos estivessem confusos sem saber, sequer, se existem.

Me pego parada olhando para o nada, pensando em nada, estagnada. Vai saber por quê?

Até sei, mas prefiro tentar ignorar. Por mais que ignorar não mude nada, nem me faça algum bem. E mesmo tentando não ignoro, então esqueçamos essa coisa de ignorar.

Vamos encarar. Encarar pode ser bom, pode mudar as coisas ou não, mas é mais corajoso e arriscado. É a atitude mais favorável, que me deixa até vunerável, e que provoca maior desilusão. É não sei não, acho que encarar nem sempre é bom.

O esquecimento pode ser ótima opção. Você esquece, apaga, não existe mais, ponto final...É mas não adianta ditar que isso aconteça porque nem o que se quer esquecer a gente esquece, ainda mais o que não se quer. Como esquecer o que é bom de lembrar?

Lembrar, verbo que não me sai da cabeça. Imagens, sons,cheiros. Presente, passado e futuro passam nas idéias como lembranças vividas ou idealizadas, que provocam aquele sorriso gostoso de satisfação. Contudo os assombros, as desesperanças e as dores também são lembradas. É lembrar pode piorar.

Então o que posso fazer?

Esperar...pode ser. Agente se acomoda, fica confortável, inerte. Não precisa lutar nem fazer por onde. Se transforma em expectador e vê passar o que for. Não faz diferença, não infecta, nem confunde. Não quero esperar também.

Enquanto fico preocupada em saber o que fazer, esqueço o que quero.

Eu quero ignorar as coisas ruins, a saudade e os empecilhos. Quero encarar problemas, mudanças e frustrações. Esquecer os outros e lembrar de um, apenas um. Mas principalmente eu quero esperar... as noticias do dia, as conquistas, os abraços e os beijos, os olhos conectados, o corpo confortável, o futuro inevitável.

Depois desses caracteres lacrimais, posso dizer mais um pouco apenas.

Se arriscar é a melhor maneira de descobrir que quebrar a cara nem sempre é ruim, pode ser que a mesma pessoa que te fez despencar cuide de seus ferimentos.

Expectativas criam frustrações, frustrações nos movem, o movimento produz desejos, desejar é metade do caminho para alcançar o que se quer.

E finalmente...Não importa o que aconteça em sua vida, tudo pode se repetir, só cabe a você decidir aonde vai assistir a reprise.

“A única maneira de se livrar da tentação é ceder a ela.” (Oscar Wilde)

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