Importe-se (Série Inquietações - Ensaios)


Muitas vezes pego-me questionando quando foi que as pessoas pararam de se importar umas com as outras. Reflito sobre todas as transições históricas, as revoluções tecnológicas, as mudanças econômicas, mas ainda não encontrei.
Não encontrei quando foi que deixamos de zelar pelos que gostamos, de sofrer com o sofrimento alheio, de rezar por causas que não são nossas, de ligar quando nos apaixonamos, de nos apaixonar.
Por que passamos a confundir individualidade com solidão, compartilhar com subtrair e 'eu te amo' com 'bom dia'?
A sensação de plenitude e completude são oriundas da felicidade compartilhada, das experiências marcantes e arriscadas, dos fracassos chorados e superados.
É preciso sofrer para crescer. E crescer não é se tornar seco, é sim aprender a amar melhor, viver melhor, crer melhor.
Incomoda-me ver como as pessoas pararam de crer umas nas outras, de se esforçar pela felicidade do outro, de buscar tudo que sua boca profere.
Talvez eu seja um dos poucos humanos que ainda acreditam na literariedade da vida, e talvez eu ainda morra disso...mas como posso me deixar sucumbir nessa ausência de responsabilidade coletiva, de amor recíproco, de humanidade?
A certeza do perecer é iminente, mas vou continuar a importar-me, pois são os que poetizam a vida que vivem, e não apenas sobrevivem.
Vivamos então!
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