Literariedade

Escrever é um grande mistério
Que me faz da vida tirar o sério.
É um jeito de sobreviver, 
Só porque tenho tanto a dizer.

É assim que existo no mundo.
Faço jus à um conhecimento profundo,
Que não preenche vazio,
Nem mesmo forma um devaneio fugidio.

Mistura de sentindo com sentido.
Um jeitinho de viver fingindo
Que palavras não tem força.
E que seu mal uso não me enforca.

Tô fugindo desse (i) mundinho,
Onde felicidade é instantânea.
Que o efêmero é mais bonito
E mentira é espontânea.

Só não quero chegar ao final
E ver que tanta inquietação foi em vão.
Que o detrimento da mente não é normal
E que ingenuidade carente é extensão de um livre coração doente
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Desnortear


As vezes me pergunto: Por que nasci com asas tão grandes, sabendo voar tão alto, e vivendo em cativeiro?
Talvez eu tenha tido tudo em uma outra vida e esbanjei cada coisa que me foi dada de bom grado. Nessa vida eu vim para conquistar cada uma destas coisas que outrora tive, e dar o devido valor ao esforço que é necessário empregar, nessa vida tão mesquinha, para se conquistar, sequer, uma paz de espírito.
A tormenta que me assola é inconstante como o mar. Em meio à calmaria revolta-se e traz tanta coisa a tona que me sinto naufragando e me afogando em inumeras questões que não me largam, que me perseguem, que não consigo expurgar dessa passagem de vida por aqui. Mas, como no despertar de um sonho ruim, encontro-me víviva novamente, como se o mundo fosse bipolar e eu a única pessoa com consciência de sua incontância.
Embrenhada em um vazio que não se preenche nunca, mesmo com tantas possibilidades que gritam ao meu entorno, sinto como se estivesse perdida dentro de um labirinto infinito, e que nada fará eu encontrar o caminho, ou mesmo um caminho.
São momentos como este que questiono mais uma vez, incansavelmente, mesmo não recebendo nunca respostas, o por quê de não ter permanecido na ignorância, com rédeas para desbravar o mundo? Por quê me tornei consciente, permitindo que o conhecimento permeie minhas entranhas e me leve à dor sofrívola que sinto em me ver incapacitada de viver?
E é agora, atormentada por tantas questões, que tento compreender que carrego uma chaga nessa alma velha e matreira, que sempre me fará sofrer, indagar e recuar, mas nunca para eu estagnar, é apenas para que eu possa tomar impulso.
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