Desabafo II


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Fui buscar conforto na melancolia de Billie Holliday, e a vontade de cuspir toda essa dor que me corrói foi crescendo que tive que escrever.
Lembro sempre do sábio que me disse “Escreve que melhora”, mas dessa vez esse não é bem o objetivo. Sei que não vai melhorar nada, porque eu não quero ainda que esse sentimento saia de mim. Talvez seja burrice da minha parte mas não dá para jogar fora algo que você quis tanto que acontecesse.
Eu já sei como tudo funciona, e quem sempre fica sozinha sou eu, mas eu não sei mais o que fazer. Ah! Como já desejei, várias vezes, ser daquele tipo que olha nos olhos e diz: _ Fica comigo que eu te faço feliz! Ou: ­_ Esquece ela, ou deixa que eu te faço esquecer!
Mas não sei ser assim, é exatamente isso que eu queria que acontecesse, mas de que adianta quem acaba sozinha sou eu.
Está doendo mais do que imaginei que fosse doer, como eu queria que não fosse verdade, mas é, sempre, e nessas horas a gente pensa que a culpa é nossa, que nunca vai dar certo, ou que não somos merecedoras de ser correspondidas a altura. Digo no plural porque acho que não sou só eu que sinto as coisas assim.
Mas meu coração está cansado de mais, passar por isso sempre, talvez não só o meu no mundo, mas nessas horas o mundo fica tão pequeno, não importa quanta gente sofre também, porque ninguém está sentindo a minha dor, só eu.
As pessoas falam sempre os mesmos conselhos, e fazem sempre as mesmas apostas para o futuro, mas eu não quero saber, não consigo absorver nada agora, ta doendo de verdade, muito.
Odeio quando isso acontece, você fica com medo de se envolver, e quando você decide se arriscar quebra a cara. Não importa saber que o tempo passa, que você supera, que você esquece, porque isso não muda a dor que você sente.
E sabe o que eu mais odeio? É ter que ouvir o quanto a gente é boa, inteligente, especial, entre outras qualidades que as pessoas repetem incansavelmente, para dizer que a outra pessoa não nos merece.
Então farei um desejo para qualquer santo, ou estrela cadente que me aparecer, quero ser menos boa, menos inteligente, menos especial, entre outras qualidades para que me mereçam. Porque não me adianta ser nada se quem acaba sozinha sou eu.
Não quero me apegar aos meus livros, amigos, nem nada que me distraia, não há musica, nem remédio que faça essa vontade de arrancar fora o coração e por uma pedra no lugar, suma.
Eu quero meus abraços de volta, meus beijos, meus sorrisos, não quero me acostumar com essa idéia de não te ter mais, quero as faltas de léxico que acho tão bonitinho, quero ficar esperando o falar depois do “deixa eu te falar nat” , só quero isso de volta.
Não quero o amor de Hollywood. Quero sentir medo e saber exatamente para quem ligar, quero falar de qualquer assunto sem ser chata, eu só queria você comigo.
Quantas vezes eu olhei para telefone e quis ligar, para falar nada, só ouvir a voz que não sai da minha cabeça. Ah! As fotos são as minhas piores inimigas, me remetem lembranças que me doem mais porque me fazem tão bem, e por isso acabam comigo.
Não consigo parar de me indagar ou procurar um porque, mesmo já o conhecendo. É como se as idéias ou o coração não permitissem que eu me apegue a uma verdade. E a única coisa que repete na minha cabeça é o quanto eu queria que ele voltasse para mim.
Mas agora é agonizar até que o tempo se encarregue de curar essa ferida que sangra, dói e me faz chorar. Enquanto espero um milagre talvez, vou fazer da minha dor o meu abrigo. Porque as pessoas vão sempre nos magoar, mas eu tenho o direito de escolher por quem vale a pena sofrer. E quer saber? Acho que por ele vale muito a pena.
Category: 2 blá blá blá

2 comentários:

jaq. disse...

saudade dos seus escritos.
e de vc.
um bj

Adrian Troccoli disse...

Se texto tem clip, esse é o clip desse texto
http://www.youtube.com/watch?v=sNzuzkF1HsA

(...)
Escreve...
Se tudo tem seu lado bom e ruim, ver novamente seus textos é uma coisa boa...só não sei até que ponto...

Bejuuuuu