Pequenino


_Ei por que você está sentada aí?
_Nada, não to esperando ninguém , nem pensando em nada, nem planejando o futuro ou lembrando do passado. Só vim ver a vida passar...Quando ela passar eu te chamo!
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Inquietação! (ensaios)


É muito engraçado como agente finge não vê. Na verdade não se finge simplesmente, escolhemos a pasmaceira como a forma mais fácil de enfrentar nossos problemas. O contraditório é que essa escolha é coletiva, juntos decidimos por ela para preservar nosso egoísmo, e como se pode enfrentar alguma coisa, nos conformamos com nossos problemas.
Nossos sim, as questões sociais desse país é problema nosso. Não é um nosso tirando a responsabilidade das autoridades competentes (ou incompetentes?), mas quer dizer que devemos compartilhar dessas responsabilidades.
Nada de dizer que eu votei em fulano ou beltrano, e ele é quem tem que se preocupar. Acha q é assim? É muito fácil ser cidadão quando lhe convém, os direitos são muito bons mas os deveres, ah! esses agente esconde “por debaixo dos panos”.
O que torna mais cômico o fato de sempre estarmos reclamando das roubalheiras “por debaixo dos panos”, mas nunca nos centramos no fato de que quando ignoramos nossos deveres, estamos roubando de quem sequer tem consciência de seu poder como individuo socializado.
Já dizia Jorge Nagel:
“a ignorância reinante é a causa de todas as crises; a educação do povo é a base da organização social...”(década de 30)
Se temos consciência disso há tanto tempo por que ainda ignoramos esse fato?
Para mim só tem um momento esclarecedor dentre toda essa hipocrisia, nós letrados, na condição de consciente, para manter esse status nessa sociedade individualista e egoísta fingimos filantropias e indignações momentâneas, mas não nos engajamos na mudança pois ela não interessa, não é vantajosa.
Me permita Nagel citá-lo novamente, mas não há frase melhor para confirmar minha indignação:
“as oligarquias só podem ser combatidas pelo esclarecimento que a educação proporciona, pois elas se sustentam graças à ignorância popular;...”
Nós submentendo-nos a esse coma que estão nossas idéias infectantes partimos do esclarecimento à ignorância permitindo que esse quadro continue estático em nossas paredes diárias.
O pior disso tudo é que quando o povo se instrui logo quer fazer parte desse aglomerado de indivíduos vazios no meio dessa sociedade inquietante que precisa ser contagiada pela paixão que faz do cidadão nação.
Mas não!! Vamos continuar buscando a classe média, levando vidas médias, sendo medidos como medianos social e intelectualmente. Assim vamos vendo e achando “bonitinho” o pobre receber uma compensação por cada filho estudando:_ Vai todo mês receber um dinheirinho!
Daqui a pouco isso vai ser um negócio lucrativo (se já não é!), por aí vão haver placas anunciando:
_”Produz-se crianças e aceita-se trocar sua educação por dinheiro!”
Quando isso for realidade, como se já não houvessem casos, vamos rir enquanto fazemos piadinhas durante uma conversa entre amigos, fingindo não saber que a culpa também é nossa.
Nem é preciso esperar o futuro, pois é o nosso presente que me envergonha.
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Tudo bem!


Sentada olhando para o nada ainda me sentindo muito triste, senti o sol entrar pela janela e bater suavemente no meu rosto. Eu queria muito naquele momento um abraço, senti-me envolvida de um calor tão bom que até me permiti sorrir.
Talvez fosse sua ausência que me fizera ver o quanto longe de mim eu estava.
Fiquei ali por um tempo esperando sei lá o que, mas descobri que só esperava a mim mesma, por que há tempos não era eu que estava comigo.
Lembrei que nunca me permiti chorar por ninguém, que eu era forte e obstinada, que ainda mudaria o mundo e salvaria vidas.Recordei que eu sempre pude tudo, porque sempre quis fazer os outros felizes, nunca medi esforços para isso.
Então foi que eu reparei que meu sorriso inocente quando via uma criança ou quando ficava feliz em descobrir algo novo já não era o mesmo, fiquei atordoada, _será que eu mudei? Me perguntava.
Refleti um pouco e vi que chorava por alguém, era frágil e perdida. Que nem em meu mundo estava fazendo diferença e que havia matado alguma vida (acho que a minha).
De repente eu reparei que não era uma mudança definitiva, era só um coração palpitante em momentos desnecessários.
Resolvi arrancá-lo fora, com toda força o retirei mas olhei para ele que ainda batia e não pude me livar dele. O coloquei de volta no lugar. Levantei-me e fui até a janela. A abri por completo e me espreguicei com toda força, senti aquela vontade de viver voltando e sorri serenamente.
Sabia que eu mudaria novamente, em breve, eu mudo todos os dias, mas nunca me acostumo com elas, são tão diferentes do que realmente tento ser.
Passei pela sala sem pensar em nada, peguei minha bolsa que estava no sofá e fui embora.
Andei por varias horas voltando a sentir o mundo do jeito que eu gosto de senti-lo, conseguia me animar com as pequenas coisas novamente, por mais que no canto dos olhos as lágrimas se escondiam.
Cheguei a uma praça que nunca havia visto, vi crianças brincando, casais passeando e me dei conta que alguém parara do meu lado, um arrepio subiu fortemente as minhas costas e olhei para o lado e lá estava você o tempo todo. Me seguira e eu nem percebi.
Sentamos num banco e conversamos por horas, rimos, me senti tão feliz.
Foi quando uma bola atingiu meu pé que percebi que você nunca esteve ali.
Eu estava sozinha o tempo todo, e você nunca estaria ali.
De repente comecei a rir sem motivo.
Você poderia nunca estar lá, mas não importava, eu estaria.

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Toda trilha é uma prisão...
Pois escolhemos uma a seguir e não outra...
E assim escolhendo, não importa se queremos voltar, não dá mais...
Nem todas dão no mesmo lugar...

Algumas nunca se crusam...
Outras andam juntas...
Mas se tem-se a liberdade de escolher...
Então eu escolho...
Não seguir nenhumas delas...
Trilharei uma nova!
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Distância


Era madrugada e eu não conseguia dormir. Talvez por sentir que nós estivéssemos distantes, fazia tempo que não conversávamos.
Andei pela casa evitando o acordar, isso não era necessário, por que eu o incomodaria, podia ser que só eu tivesse vendo essa distância e poderia causar uma briga desnecessária. Alias, eu só queria dizer que te amava mais do que nunca e sentia falta da sua presença aqui. Acho que isso soaria estranho, alem do mais você esta sempre aqui, mas não sei o que acontece, mesmo do seu lado sinto a sua falta.
Tomei um banho quente para ver se relaxava e conseguia dormir, deitei do seu lado novamente, virava e revirava e o sono não vinha, meus pensamentos me atordoavam, eu queria lhe acordar e dizer tudo que passava na minha cabeça, então decidi fazê-lo...
Te chamei delicadamente ao ouvido, mas você nem se mexeu. Resolvi dar uns tapinhas em seu braço mas nem balbuciou. Comecei a te balançar suavemente e repetia seu nome ainda baixinho, contudo você nem parecia respirar. Tomei-me de uma força e sacudia seu corpo inerte e gritava: _Acorda!Acorda!Não faz isso comigo!Por favor!
Desesperada sem saber o que fazer chorava e batia em você com uma raiva que baixara em mim por saber que estava te perdendo. Tentei primeiros-socorros, batia em seu peito, sacolejava seu corpo, respirava em sua boca e continuava naquela frieza fúnebre.
Corri até o telefone e aos prantos liguei para emergência, falava tudo confuso, só me lembro que me disseram que chegariam rapidamente.
Sentei ao lado do telefone que ficava na parede oposta à cama, olhava para você no meio dos lençóis amassados com um braço caído para fora da cama e uma expressão serena no rosto. Fiquei ali parada até a emergência chegar. Abri a porta e voltei-me ao canto da parede. Mal consegui responder aos para-médicos. Levaram você e eu nem consegui me mexer. Fiquei ali por horas, dias, até que me arrancaram de lá. Me tiram do canto mas não tiraram o canto de mim.
Não importava onde eu estivesse me sentia acuada pela impotência de não poder te salvar.
Mal dormia, mal comia, mal existia. Não falava com mais ninguém, abandonei a mim. Parava e olhava fixamente para um ponto e ficava ali infinitamente, poderia ficar para sempre, esperando estar com você.
Depois de uns meses a casa de minha mãe, voltei para casa.
Olhava ao redor e nada me interessava, voltei ao quarto e me sentei no meu canto. Lembrei porque tentei te acordar naquela noite, lembrei também que fui tomar banho, que andei pela casa, não queria te acordar, mas seu tivesse tentado te acordar antes poderia estar aqui comigo agora.
Chorava...
No meio da minha solidão e lágrimas, resolvi te dizer o que eu não consegui:
_Só queria ouvir sua voz hoje. Só queria te lembrar que eu te amo. Vou estar aqui sempre com você. Não fique distante de mim.
Não importa onde ele esteja. Ele não está mais aqui!
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Carta Póstuma


Dessa vez eu vou ser bem clara.
Cansei de escrever para você e não receber nada em troca.
Sei que não se deve esperar nada das pessoas, mas eu preciso esperar alguma coisa de você. É o pouco de vida que ainda me resta. Acho que depois dessa carta não restará mais nada.
Eu sei que para você pode parecer que faz pouco tempo que me consumo por ti, mas não é bem assim.
Lembro claramente do dia que te vi pela primeira vez. Era um dia claro de verão, o calor deixava rubra a face de qualquer moça. Como de costume eu fazia graça para as amigas (sabe o quanto valorizo a alegria). Foi quando numa simples expressão automática, virei meu rosto para o lado e me deparei com você. Seu sorriso iluminava mais do que o sol que pairava aquele dia. Como eu poderia esquecer?!Daí em diante procurava aquela sensação todos os dias. Tinha que ver-te!
Eu sei que eu estava errada. Ainda tinha compromisso com outro. Por mais que esse amor antigo já estivesse aos farrapos. Sentia uma certeza, meu coração não pertencia mais a mim, nem mesmo àquele que outrora o conquistara, mas somente a você.
O mais incrível é que esse você não existia, era apenas uma pintura que alegrava meus dias. Mas como se contentar em ser mera expectadora, queria mais.
Mexi e remexi as idéias e por fim consegui te conhecer. Sei que fui intrometida na conversa alheia, mas eu precisava fazer você me notar, ou morreria ali mesmo.
Os dias foram passando, e eu sentia que o meu chão desaparecia, minhas palavras se desordenavam (logo eu que falo pelos cotovelos), o arrepio subia na pele e o coração disparava.
Mas era impossível saber o que se passava com você. Cogitei todas as hipóteses possíveis. Soube de um amor em sua vida, mas que nada fizera diminuir meus sentimentos. Soube de desprezos, que trouxeram lágrimas passageiras.
Mas parecia ser tarde, eu ia embora e jamais chegaria perto de seu coração. A angustia tomou meu peito, eu nem consegui me despedi.
Algum tempo sem te ver, falar, nem saber de você acalmou meu coração. Muitas vezes tentei te procurar, mas dizia a mim mesma que era melhor não fazê-lo. Eu estava certa!
De repente você volta para minha vida, e mesmo não precisando estar presente consegue criar a maior desordem por aqui. Não me pergunte como, eu não sei! Se soubesse já teria dado um jeito.
Sua imprecisão me confunde e me faz fraquejar. Queria poder entender o que não se vê. Mas não dá!
Eu preciso de realidade, preciso ter alguém com quem contar, alguém com quem dividir um pouco da minha loucura e lucidez. Não preciso de um conto de fadas, nem um romance de livro. Só sentir segurança quando eu estiver com medo, levar bronca quando errar, brigar por besteira mesmo, compartilhar incompatibilidades. Viver!
Já nem sei mais o que espero. Na verdade não espero mais nada. E por isso eu lhe escrevo, sem lágrimas nos olhos, pouca dor no coração, por que sei que vai estar aqui sempre, mas a nossa validade ficou invisível a mim.
Agora só quero me despedir, tentei achar um modo mais fácil, mas nem sempre o caminho mais fácil é melhor que o da dor.
Quero que saiba que gosto muito de você, e para onde eu for levarei você comigo. Mas agora não dá mais para continuar assim. Vou enterrar um morto que se quer parou de viver, mas vai parar. Vou seguir em frente sem olhar para atrás.
Não tema me perder, não se perde o que nunca se teve. Guarde-me num frasco lacrado para que o tempo não me apague.
Cuidado ao sorrir, pode fazer as pessoas se apaixonarem.
Contudo não vou roubar mais seu tempo, já roubei de mais.
Não é um fim ou um começo. É só um ponto final. Ou quem sabe uma reticência...
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Maternidade


Desde que nascera Clara sabia q era especial, mal abriu os olhos descobriu que não veria o mundo como todo mundo.
A verdade é que Clara não via. Como ela repetia para todos assim que entendeu que não podia enxergar:
_ A luz de meus olhos não existem, mas a do coração sempre estará aqui!
Clara sempre se sentiu diferente, não um diferente ruim, ela sabia que algo a protegia.
Ainda pequenina sentia que algo a rodeava e guardava, sabia que todas aquelas vezes que não caíra num buraco , ou não fora atropelada, ou mesmo acertava o caminho para qualquer lugar era essa coisa mágica que a acompanhava.
Ela tinha uma vida comum, fazia tudo que qualquer um poderia fazer, as vezes até mais...
Quando passava pela floricultura não podia ver o colorido das flores, mas sentia o poder da vida que o odor delas emanavam. Ao ouvir uma musica, não era letra e melodia, era a união de momentos do compositor com os dela. Um toque não era apenas pele com pele, mas era sentir o outro por completo. Provar um sabor novo era como colher frutas frescas do pomar.
Clara via o mundo, mas não com suas coisas ruins, sim com a pureza de construí-lo do jeito que ela imaginasse.
Contudo ela só podia ter esse maravilhoso em sua vida graças a essa força que a protegia, estava com ela todas as horas. Quando acordava ou dormia, em casa ou na rua, sozinha ou no meio de muitas pessoas.
Isso começou intrigá-la, ela precisava de respostas, o que era isso que a acompanhava.
Começou a sondar as pessoas, perguntava aos amigos, procurar em livros, queria saber o que poderia ser.
Seu pai percebendo sua inquietação a chamou e perguntou:
_Querida o que está havendo com você?
Clara tentou explicar o que sentia mas não entendia.
O pai pediu que ela se sentasse, e começou a falar.
_ Clara, durante alguns anos eu e sua mãe tentamos ter um bebê e não conseguíamos. Quando descobrimos que sua mãe estava doente juntamente descobrimos que ela esperava você. Eu não sabia o que fazer, se ficaria alegre por estar realizando nosso maior sonho ou triste por saber que em alguns meses, um ano talvez, o câncer se espalharia e eu perderia o grande amor da minha vida. E sua mãe no meio daquelas noticias tão desconcertantes virou para mim e disse: _ Amor, se as lágrimas que brotam dos seus olhos forem de tristeza é melhor que eu morra logo, pois não te permito ficar triste. Quanto nós lutamos para poder receber esse presente, nosso filho e se o preço para eu tê-lo é a eternidade, ainda estou pagando pouco. Nunca deixarei vocês. Sempre que a dor os assolarem eu estarei lá para enxugar suas lágrimas, quando o mal passar por perto eu os defenderei, não haverá do que não protegerei vocês, estarei de seu lado.
As lágrimas já escorriam dos olhos dos dois, ele continuou:
_ Filha, sua mãe ao morrer, logo após ver seu rostinho, levou de você as portas mais fáceis para o mundo, a visão. Mas deixou as portas para o maravilhoso, a liberdade de construir o mundo como você quiser. Ela vai estar do seu lado sempre, é ela que você sente.
Clara estava um pouco confusa e questionou:
_ Como pode ser?
_ Eu posso não ter a resposta que você gostaria, mas sei de uma coisa: não importa o que aconteça isso é amor, e só é assim porque ela era mãe!
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Desapego


As noites sempre foram enigmáticas para mim.
Houve um tempo que me amedrontavam, todo o seu jeito sombrio e todas as coisas ruins sempre aconteciam durante a noite, não confiaria nela nunca.
Hoje em dia ela é companheira de momentos bons e ruins, é inspiração e transgressão. É minha amiga!
Por horas me perco em sua imensidão finita, perece-me que nunca acabará, mais logo o sol brilha e ela vai embora.
Sei que sempre vai estar de volta, mais cedo ou mais tarde, é questão de fuso horário.
Essa noite precisei conversar, a noite é ótima conselheira. Ela sempre me responde com um silencio corrosivo, mas ouve muito bem.
Minha cabeça confusa começou a juntar idéias sem ordem, tudo porque o coração estava fazendo faxina (virador por natureza).
A cada briga com um sentimento para que se retirasse, as idéias se confundiam mais. Essas limpezas são complicadas...Um sai pela porta da frente em quanto outro entra pela janela, outro se esgueira pelo telhado, outros fogem pelos fundos...um caos de sentimentos atordoados.
Em quanto o vai e vem se dava, as idéias foram entrando no eixo, a razão estava dando seu jeitinho lá por cima.
O coração não se continha e a desordem, por lá, continuava.
Aproveitando o reboliço, a noite em seu silencio me fez perceber que eu precisava ouvir o que as idéias tinham a dizer, assim como os sentimentos.
Comecei pelas idéias:
_ Sabes, é claro, o que precisas fazeres! Tudo é questão de decisão! A razão é mais sábia que o coração. Ouça bem. Primeiro pares com essa graça de desperdiçar tuas lágrimas, quando realmente precisares delas te faltaram. Segundo, lembre-se seu tempo é valioso, ou deitas para dormir ou vá ler um livro, será mais construtivo do que ficar por aí no meio dessa confusão. Por último, se quiseres mesmo que isso passe, passará, é só decidir. Essa escolha só cabe a você! Não quero ser palpiteira mas digo que é o melhor a se fazer.
Pensei um pouco no que havia me dito, achei sensata e uma ótima opção. Mas já me comprometera a ouvir os dois lados, então vamos ao coração.
Percebi que estava meio confuso e cabisbaixo, mas começou a falar:
_ Desculpa não estar muito bem hoje, nem sei se tenho alguma coisa de importante a lhe dizer, só acho que não precisa seguir regras. Tenho claro dentro de mim a confusão que se meteu. Sabia que poderia sofrer quando se arriscou. Mas saiba que se não se permitisse nunca saberia como seria. É melhor sentir uma dor do que não sentir nada. Suas lágrimas devem cair quando sentires vontade de chorar, mas ria com força quando for vontade rir. Aprenda a se desapegar não a desistir, nem sempre temos o que queremos e nem o que merecemos mas sempre teremos alguma coisa. Não espere que façam alguma coisa por você, se gosta de alguém faça o que der vontade de fazer, porém só faça se for te deixar feliz depois. Não se arrependa de se apaixonar, lembre-se das borboletas: precisam lutar para saírem do casulo mas quando conseguem viram lindas flores com asas. Não quero que se despeça de nada, apenas veja as coisas com outros olhos. Não sou nada, só seu coração, mas lhe aconselho a fazer o que lhe fará feliz, contudo não se pode ser feliz sem pedras no caminho. Era só isso, faça o que quiser.
Senti-me tomada por uma serenidade acolhedora, me sentia livre para chorar ou para sorrir. Na verdade não faria diferença.
No silencio da noite esperei que o dia chegasse. O sol radiante como sempre veio entre algumas nuvens, mas estava lá.
A noite sempre voltaria, o dia sempre a esconderia, as idéias nunca me enlouqueceriam, mas o coração sempre me acalmaria.
P.S.: Sempre quando escrevo um texto, não escrevo apenas palavras, transcrevo sentimentos, não há nenhum escrito meu que não passa parte do que há dentro de mim...só que alguns desabafos não são para serem elogiados ou se quer criticados e sim refletidos...
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Passividade Apaixonante


Andava pela casa e comecei a sentir um vazio, reparei que as batidas do meu coração ecoavam num vazio frio e cinzento.
Sabia que precisava procurar uma paixão para preenchê-lo...
Comecei a revirar os cantos da casa: _ Onde foi que perdi a última?
Arrastei os móveis, virei as estantes, foliei os livros, desarrumei as roupas, mexi em cada canto da casa... mas não encontrei nada!
Resolvi procurar no quintal. Remexi todo o jardim, arranquei flores e plantas, cavei a terra, rasguei os sacos de lixo, mexi até na comida do cachorro, subi na arvore e olhei em cada folha...mas nada aparecia!Se quer um vestígio.
Peguei as chaves do carro, mas antes de sair dirigindo, olhei o forro, debaixo dos bancos, no porta luvas, no porta malas, no motor, até no encaixe da chave, não achei.
Saí pelas ruas olhando em cada esquina, nas casas, nos bares.
Cheguei ao shopping e perguntei de loja em loja se ainda tinha paixão para vender. Era melhor ter uma comprada do que não ter nenhuma. Porém parecia que tinham acabado. Todas! Acabado! Só eu que não teria umazinha.
Voltei para casa em prantos, quando cheguei lembrei que não tinha procurado na internet, sentei-me logo no computador e fiquei uma... duas... três... quatro... horas procurando e só via: ESGOTADO!!
Não sei como caí da cadeira no chão, só chorava como se a vida tivesse acabado.
Entre o som das lágrimas batendo no piso, ouvi o suave tilintar do bater de asas e logo em seguida senti um toque leve como uma pluma em meu braço.
Ela aparecera! Uma linda borboleta de desenhos negros entre o azul inebriante de suas asas.
As lágrimas estancaram e o sorriso voltou, corria pela casa acompanhado seus lindos vôos. O tom celeste de suas asas refletia a luz do sol e enchia os cômodos de cor!
Vi que por várias vezes ela saia da casa, demorava e retornava. Com medo que fosse embora fechei as portas, janelas e basculantes. Ela continuou a voar pela casa, contudo por inúmeras vezes se escondia atrás dos móveis e só aparecia quando queria. Resolvi nos trancar dentro do quarto, esperei a noite chegar, quando ela veio adormecer pousada em minha cabeceira fechei a porta e não abri mais.
Como da outra vez não houve nenhuma reclamação, todavia ainda se escondia atrás do armário ou entre minhas roupas, mas eu a queria perto de mim o tempo todo.
Peguei um pote de vidro, esperei que pousasse em meu dedo e delicadamente a coloquei lá dentro e fechei. Fechei o pote com tanta força que nem eu conseguiria abrir novamente, agora tinha minha paixão por perto sempre.
Por um tempo ela continuou a voar ali dentro, mas vagarosamente foi ficando quieta num canto, seu azul já não brilhava mais e um dia reparei que não se movia. Quebrei o pote a retirei de lá com pressa, mas já era tarde, estava morta. Me lastimei, gritei, esperneei!
Abri suas asas e com um alfinete a coloquei junto com as outras, algumas eram todas negras, outra coloridas, marrons, cinzentas, e agora uma azul.
O vazio foi voltando e abri a porta do quarto, as janelas da casa, a porta da entrada, os basculantes da cozinha e do banheiro. Sentei na sala sentindo aquela solidão me assolar. Quando no parapeito da janela pousara uma borboleta, maior do que todas as que eu já havia visto, com uma coloração de tons de lilás incomparável com qualquer obra de arte.
Aproximei-me lentamente e ela veio ao meu encontro. Começamos a voar juntas pela casa, pelo jardim.
Ela não se escondia, avisava de ia voar por aí e depois voltava.
Falei que me sentia sozinha sem ela, mas me disse que estaria sempre comigo, dentro do meu coração.
Chamei o chaveiro e mandei tirar todas as trancas da casa, nunca mais fecharia uma porta ou janela.
Com o tempo outras começaram a entrar, vinham muitas, minha casa parecia o recanto das paixões. Eram rosas, amarelas, verdes, azuis, marrons, todas as cores.
Nenhuma como a lilás, mas que me faziam feliz também.
Descobri então que as paixões não deveriam ficar empalhadas em uma parede, tinham que ficar livres, se fossem minhas estariam sempre comigo, se não fossem passariam e se tornariam boas lembranças.
Hoje não fecho nem os olhos, pode ser que alguma passe eu não veja.
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