Desistência!


Resolvi parar de escrever.
Não foi assim do nada, foi de caso pensado.
Já esperava que eu desistisse disso.
Escrevia porque as palavras me eram como o ar: adentravam meu ser, me enchiam de vida e depois jogavam fora o que não prestava, o desnecessário.
Mas com o tempo fui vendo que o desnecessário era respirar, escrever. Escrevendo vivia entre as palavras, dando continuidade a alguma vivacidade entranhada aqui. Porém só é preciso viver quando se tem por que viver, quando não se tem é melhor permitir que o ar lhe falte sufocando levemente as idéias.
Então me deitei e como já havia decidido parar de escrever, parei de respirar.
Levemente fui sentindo um impulso do meu corpo em lutar contra a força que eu fazia em não respirar, mesmo esse embate estando difícil, me mantive firme e não desisti, quis voltar inúmeras vezes mas repetia em minha mente_ Não! E seguia em meu propósito, e um desespero foi me consumindo quando o corpo já não resistia mais, eram as idéias fazendo seu trabalho de me deixarem confusa com minhas decisões, não as ouvi, já desfalecendo girei meu rosto para o lado e na direção de meus olhos estava o computador ligado, na tela um site que eu costumava ler e um texto novo tinha sido postado, de repente as idéias juntamente com o corpo me forçaram a refletir:
Permitiria a morte me levar sem eu ler mais aquele texto?
Deixei o ar entrar.
Com uma dor inexplicável.
Senti a vida retornar.
Corri para o computador e comecei a ler.
Li até o ponto final.
Recuperando ainda o fôlego, descobri que não era eu quem me obrigava a respirar, era o ar, que sem pedir licença, entrava em meus pulmões. Descobri que não podia parar de escrever, as idéias entravam sem discrição alguma e as palavras saiam sem pudor.
Respirando lentamente dei por mim que acabara de escrever mais
um texto.
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Cegueira


Passava por você todos os dias, eu via mas você não via.
Procurei encontrar como chegar perto de você, e descobri que seu coração era mais difícil do que a mente...
Então lutei para chegar até ela...fiquei noites acordada, escrevi teses, poesias, curei doenças, achei soluções para as guerras, descobri como desvendar as pessoas, escrevi mais, li mais, aprendi os segredos do mundo.
Contudo não sabia chegar ao seu coração, mas pensei:_ Se não tenho a chave de uma porta posso pular a janela...
Te dei minhas teses, poesias, minhas curas, a paz e os segredos...mesmo assim não eram suficientes. Dei minhas noites, meus sonhos, minhas lágrimas, meus pesadelos, meus anseios, meus desejos...só consegui um pouco de atenção...
Talvez agora esteja mais perto, e quando eu passo perto de lá, eu vejo que nem quebrei um dos vidros da janela...
Já não me contendo, queria tomar uma atitude...voltei as minhas noites de estudos, revi meus teoremas, mistureis com os sonhos, calculei pesadelos, cozinhei guerras, preparei desejos, e descobri...
Nunca chegaria ao seu coração...pois a chave não era de ferro ou aço, nem de vidro ou pedra, nem mesmo era de biscoito ou chocolate...
Mas era preciso ver para entrar lá.Você teria que me ver...
Soltei fogos, balões, fiz cartazes, comprei letreiros, mandei cartas, e-mails, pintei camisas, plantei até bananeira...mas você não me via, não sei por quê...e ainda não me vê.
Então parei com a euforia, acalmei meus ânimos, deixei a calmaria chegar...
Só assim eu reparei, não importa o que eu invente, descubra, faça...não pode me ver, só se pode ver a luz, e quando ela não existe só se tem escuridão.
E foi quando eu entendi, nos seu olhos a minha imagem nem refletia...
Não me via porque cego estaria...
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Rotina


É tão fácil se acostumar com rotina...
Ela acordava, levantava, andava, trabalhava, estudava e voltava para o começo disso tudo todos os dias.
Fazia sempre as mesmas coisas, e mesmo que essa vida rotineira a incomodasse: O que poderia fazer? Assim que tinha de ser.
Num dia desses, bem comum, só um pouco revolto por causa da chuva forte que caia, ela fez o que fazia sempre: acordou, levantou, saiu e fazendo o mesmo caminho se deparou com uma situação um tanto diferente:
Passava pela praça apressada por causa da chuva, queria chegar o mais rápido possível ao ponto de ônibus, e a chuva só aumentava. Já quase cruzando o banco que ficava no centro da praça, reparou que havia um rapaz sentado, chorando no meio daquele temporal.
Podia ter continuado, seria mais cômodo, pego o ônibus e ido embora, mas alguma coisa a angustiou vendo aquela situação.
Foi ao encontro do rapaz, parou à sua frente, colocando o guarda-chuva de maneira a cobrir os dois e disse:
_ Tudo bem?Hum...Só eu mesma para perguntar isso, dá para ver que não está...Desculpa! Posso ajudar? – quando ficava nervosa danava a falar.
Ele a olhou em silencio como se olhasse para um anjo. Sem deixar que ele respondesse voltou a falar:
_ Eu sei que é difícil pedir ajuda nas horas ruins, mas mesmo não te conhecendo gostaria de poder te ajudar. Tá chovendo muito. Nada vale que você fique doente. Vamos! Pelo menos saia da chuva... – parecia que ela nem precisava de ar para falar.
Ele a interrompeu dizendo:
_ Posso te ajudar também?
Ela a principio não entendeu, mas disse que sim, só para conseguir tira-lo da chuva.
Junto dela de baixo do chapéu seguiram até o ponto e lá se sentaram.
Conversaram por um tempo, ele confessou que seu grande amor havia morrido, e ela que nunca tinha tido um grande amor.
Discutiram por um tempo o que é pior: Viver um grande amor e perde-lo ou nunca ter o prazer de desfrutar isso.
_ Trim – trim – trim!
O celular dela tocou, era do trabalho - ela nunca se atrasava – começaram a pensar que teria acontecido alguma coisa ruim.
Ela desculpou-se dizendo que a chuva a fizera perder o ônibus e aguardava o outro ainda. Nunca tinha mentido para alguém do trabalho.
Se despediu do rapaz, que lhe agradeceu com um abraço forte e disse:
_ Amanhã volto aqui para nos ajudarmos mais!
E foi embora.
Ela pegou a condução e voltou a trabalhar, estudar e retornar ao começo.
No dia seguinte a chuva já não estava lá, mas o rapaz sim.
Durante um mês se encontravam antes dela ir para o trabalho e conversavam, ela aprendeu a ser mais feliz, ele desistiu do suicídio.
A rotina já não a incomodava, por que vê-lo fazia tudo melhor.
E reparou que o amava, ou pelo menos estava apaixonada por ele. Ele amava a outra, a que já não está mais aqui.
Se falavam, e ela esperava algum interesse dele, buscava nas palavras algum indicio de ser correspondida...mas nada.
Começou a sofrer com aquilo. Por que ele não podia gostar dela também?
Chorava antes de dormir e de manhã sorria para ele.
Não se viam no final de semana. E numa segunda-feira, ela se sentou no banco e esperou... Esperou... Esperou...ele não apareceu.
Foi aí que reparou que nem sabia onde ele morava, ou mesmo seu telefone...se ele morrera não saberia.
Terça, quarta, quinta, sexta...uma semana!Nada!
No fim de semana foi lá, perguntou ao pipoqueiro que sempre estava lá se o tinha visto ou se sabia alguma coisa dele, esperou, andou pelas ruas no entorno da praça, mas nada.
Quando já havia desistido, sentou no ponto de ônibus abaixou a cabeça e chorou, levantou-a para ir embora e olhando para frente viu um homem.
Era ele! Tinha certeza. Hipnotizada atravessou a rua correndo, sem ao menos olhar para os lados, num suspiro forte de satisfação ia chama-lo mas...
_Meu Deus!!
Ouviu um grito no fundo.
Havia sido atropelada, pelo seu ônibus de todos os dias.
E nos últimos piscares de olhos viu que era ele, e sorriu...
Num dia chuvoso um rapaz estava sentado num banco de praça chorando, ensopado pela chuva e por suas lágrimas. Olhava para os lados, mas dessa vez ninguém viria...
Suspirando e soluçando...
Disse a si mesmo:
_ Meu grande amor morreu!
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Escritos


A verdade é que eu não queria escrever. Eu lutei para não fazer, mas foi mais forte que eu.
De repente de dentro de mim saia, ou permanecia sei lá, uma angustia que só queria me fazer chorar, e chorando eu me arrepiava, e arrepiando as idéias vinham tomando minha mente, forçando-me a vomitá-las.
Queriam sair sem nexo. Eram muitas, são muitas!E vão dominando todo meu ser, passando de pensamentos a dores no corpo, pela força que elas fazem para sair.
Dessa vez elas estavam querendo me dizer algo. Não apenas se expressarem para outros, mas queriam me mostrar o que eu não via!
Me viram querendo trocar de inspiração. Tirar essa paixão corrosiva que dissolve meus dias felizes e que permitem elas existirem.
Sei que elas estão pensando só em mim e não nelas. Elas aparecem tão facilmente quando a duvida, a angustia ou a esperança está em mim, e sei que preciso da paixão para escrevê-las.
Mas elas sabem que só existem porque a dor existe com elas.
Nunca vou abandoná-las! Contudo se isso passar não as verei com freqüência, e tenho certeza que poderei matar a saudade quando quiser.
Preciso me livrar disso. Sei que foi culpa minha, eu provoquei isso a mim, e só eu posso apagar.
Tá!
Posso tentar apagar. Não dá para apagar como o que foi escrito, não é só passar uma borracha. Como seria fácil!
Queria voltar aquele dia que eu cruzei com seu sorriso, podia nunca ter o visto, e agora não saberia a diferença de como você sorri quando ta rindo com os amigos, quando ta cumprimentando alguém, ou quando fala palavras que te provocam um sorriso. Podia não lembrar de todos eles, podia não senti saudades deles.
Queria não precisar, nos dias mais chatos, te ver e fazer tudo ficar mais colorido. Podia não ter esperado para te ver nesses dias, podia não ter alimentado isso.
Agora me pego tentando me apaixonar por outros sorrisos, e quando percebo que estou fazendo isso, nem mesmo o meu sorriso sai!
Tento ocupar minha cabeça com outras coisas, sei lá, qualquer coisa, mas tudo passa rápido, nada é tão forte como a lembrança.
Sei como é difícil esperar por alguém que nunca vai chegar, que nunca nem mesmo viu um caminho a ser seguido.
Queria não saber mais que você existe, queria nunca ter descoberto isso, queria não precisar te procurar, queria não saber mais onde te encontrar, mas sei que se não soubesse nada de ti ficaria angustiada de não saber se você ainda está em algum lugar, de onde possa vir, que eu possa continuar a esperar, que eu possa continuar a escrever.
Por mas que eu não queira mais nada, por mas que eu não queira nem querer, involuntariamente ainda quero.
E sei que se eu sumir, nem mesmo vai notar a minha ausência. Talvez em um dia quando a solidão te assombrar, sinta alguém pensando em você, e vai buscar no passado quem poderia ser, e no meio de todas as lembranças a minha passaria e por um instante cogitaria a idéia de ser eu, mas logo em seguida diria a si mesmo: não!, e me esqueceria outra vez.
E assim sem reclamar espero você passar.
Enquanto não passa vou convivendo com uma saudade que mal trata, mas assim ela me inspira, e eu escrevo, querendo ou não querendo.
Escrevendo eu fujo. Não para longe, nem para perto, na verdade para lugar algum, só tenho a liberdade de ser o que eu quiser, até esquecer o que eu quiser, mesmo não esquecendo...
Vai saindo assim essas palavras que dizem muito ou nada, mas que relutam em não ficarem aqui presas.
E em favor delas, vou deixá-las sair!
Talvez eu devesse apagar todas, e deixar apenas um “por quê?”....
Mas fazem tanta graça juntas, e escreve-las é como amenizar tudo.
Mesmo que não passe...
_Vai passar!
Mesmo que não se diga nada...
_Vou escrever!
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O Acaso


Alguns acreditam em destino, outros em forças maiores, alguns nem acreditam em nada, mas hoje eu quero acreditar no acaso.
O acaso pode mudar uma vida, pode fazer desconhecidos se apaixonarem e amantes se odiarem.
Ele é assim!
Simplesmente age por si só, muito egoísta às vezes ou o bom samaritano quando quer, meche com a vida dos outros e depois se esconde.
Leva a serio os pedidos de uns, mas joga fora de outros.
Se vira para juntar quem ele vai com a cara, mas faz de tudo para separar quem ele não gosta.
Nem liga para os que não acreditam nele, prega peças, é uma criança grande, cheia de gracinhas...
Sebe como deixar alguém nervoso, ansioso ou calmo...faz sempre o que quer, e acha que o mundo gira a sua volta.
É mimado mesmo!
Como não ser? As pessoas agradecem a ele quando estão satisfeitas – Foi graças ao acaso!!
Ou o xingam – É tudo culpa do acaso!!
No fim sempre falam dele. E assim ele vai se achando por aí, fazendo graça e rindo muito!!!
Eu acho que ele nunca sabe o que está fazendo...se soubesse não faria tanta coisa!
Mas quem sabe por acaso tudo pode melhorar, é só esperar seu bom humor...pode ser que um dia ele acorde assim...
Enquanto ele estiver meio zangado vou culpar o acaso!!!
Se tudo um dia estiver “zen” vou falar para ele:
_ Por acaso, sem você eu vivo bem!
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Ausência




Não há.Não se é.Sem o ser!
Um vazio consome o interior,é como sentir falta do que não se tem sem si quer ter tido, ou mesmo tendo ainda não se tem.
É um nada de tudo, onde se quer ser o que te querem mas “sem querer” não se é.
E assim esgueira-se em mascaras alegres e tristes, belas e feias, e o espetáculo não pode continuar. Por debaixo dessa farsa grita por socorro – Pare! – mas se vê só, no meio de tanto, mas só. Isso incomoda, a vontade de fugir corroe suas forças, assim se esconde no meio de outros, mas o q não sabe é q sua solidão não está em ficar sem ninguém por perto e sim de conseguir ficar consigo, com o q se transformou. Mesmo assim se sente a salvo quando pode ter suas companhias, a salvo do seu nada, do seu vazio, do seu nem ódio nem amor, do seu nem frio nem quente, do seu morno. Mente p si e tenta ser metade do q sente, mas nem isso é, sofre por não conseguir voltar ao q já foi.
Alucinadamente tenta preencher essa ausência q lhe consome, ausência de vida, de morte, de ser, de não ser, de tudo e de nada, e se perde dentro do seu próprio caos. Num mundo q não dá p sair, q vai estar a sua procura, dentro de suas viceras, para lembrar que não se foge de si mesmo.
Logo se conforma e espera, talvez nem tenha o q esperar, talvez haja uma saída, pelo menos tentar...
Mas o fim não tirará o q se foi, e só fortalecerá o q se vendia. Vê seu vazio tão oco q nem eco faz, então p q gritar, fugir, espernear, se ninguém pode ouvir...deita-se e espera passar...
E na loucura angustiante das horas acorda, sente q pode ainda estar existindo, talvez até tenha vida, então prefere continuar...talvez assim possa um dia se preencher.
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