
Ela acordava, levantava, andava, trabalhava, estudava e voltava para o começo disso tudo todos os dias.
Fazia sempre as mesmas coisas, e mesmo que essa vida rotineira a incomodasse: O que poderia fazer? Assim que tinha de ser.
Num dia desses, bem comum, só um pouco revolto por causa da chuva forte que caia, ela fez o que fazia sempre: acordou, levantou, saiu e fazendo o mesmo caminho se deparou com uma situação um tanto diferente:
Passava pela praça apressada por causa da chuva, queria chegar o mais rápido possível ao ponto de ônibus, e a chuva só aumentava. Já quase cruzando o banco que ficava no centro da praça, reparou que havia um rapaz sentado, chorando no meio daquele temporal.
Podia ter continuado, seria mais cômodo, pego o ônibus e ido embora, mas alguma coisa a angustiou vendo aquela situação.
Foi ao encontro do rapaz, parou à sua frente, colocando o guarda-chuva de maneira a cobrir os dois e disse:
_ Tudo bem?Hum...Só eu mesma para perguntar isso, dá para ver que não está...Desculpa! Posso ajudar? – quando ficava nervosa danava a falar.
Ele a olhou em silencio como se olhasse para um anjo. Sem deixar que ele respondesse voltou a falar:
_ Eu sei que é difícil pedir ajuda nas horas ruins, mas mesmo não te conhecendo gostaria de poder te ajudar. Tá chovendo muito. Nada vale que você fique doente. Vamos! Pelo menos saia da chuva... – parecia que ela nem precisava de ar para falar.
Ele a interrompeu dizendo:
_ Posso te ajudar também?
Ela a principio não entendeu, mas disse que sim, só para conseguir tira-lo da chuva.
Junto dela de baixo do chapéu seguiram até o ponto e lá se sentaram.
Conversaram por um tempo, ele confessou que seu grande amor havia morrido, e ela que nunca tinha tido um grande amor.
Discutiram por um tempo o que é pior: Viver um grande amor e perde-lo ou nunca ter o prazer de desfrutar isso.
_ Trim – trim – trim!
O celular dela tocou, era do trabalho - ela nunca se atrasava – começaram a pensar que teria acontecido alguma coisa ruim.
Ela desculpou-se dizendo que a chuva a fizera perder o ônibus e aguardava o outro ainda. Nunca tinha mentido para alguém do trabalho.
Se despediu do rapaz, que lhe agradeceu com um abraço forte e disse:
_ Amanhã volto aqui para nos ajudarmos mais!
E foi embora.
Ela pegou a condução e voltou a trabalhar, estudar e retornar ao começo.
No dia seguinte a chuva já não estava lá, mas o rapaz sim.
Durante um mês se encontravam antes dela ir para o trabalho e conversavam, ela aprendeu a ser mais feliz, ele desistiu do suicídio.
A rotina já não a incomodava, por que vê-lo fazia tudo melhor.
E reparou que o amava, ou pelo menos estava apaixonada por ele. Ele amava a outra, a que já não está mais aqui.
Se falavam, e ela esperava algum interesse dele, buscava nas palavras algum indicio de ser correspondida...mas nada.
Começou a sofrer com aquilo. Por que ele não podia gostar dela também?
Chorava antes de dormir e de manhã sorria para ele.
Não se viam no final de semana. E numa segunda-feira, ela se sentou no banco e esperou... Esperou... Esperou...ele não apareceu.
Foi aí que reparou que nem sabia onde ele morava, ou mesmo seu telefone...se ele morrera não saberia.
Terça, quarta, quinta, sexta...uma semana!Nada!
No fim de semana foi lá, perguntou ao pipoqueiro que sempre estava lá se o tinha visto ou se sabia alguma coisa dele, esperou, andou pelas ruas no entorno da praça, mas nada.
Quando já havia desistido, sentou no ponto de ônibus abaixou a cabeça e chorou, levantou-a para ir embora e olhando para frente viu um homem.
Era ele! Tinha certeza. Hipnotizada atravessou a rua correndo, sem ao menos olhar para os lados, num suspiro forte de satisfação ia chama-lo mas...
_Meu Deus!!
Ouviu um grito no fundo.
Havia sido atropelada, pelo seu ônibus de todos os dias.
E nos últimos piscares de olhos viu que era ele, e sorriu...
Num dia chuvoso um rapaz estava sentado num banco de praça chorando, ensopado pela chuva e por suas lágrimas. Olhava para os lados, mas dessa vez ninguém viria...
Suspirando e soluçando...
Disse a si mesmo:
_ Meu grande amor morreu!

2 comentários:
Aaaaahhhhh para...não da pra ficar melhor q isso...se ficar vc ganha o premio nobel em literatura, ou qualquer um desses outros premios.
Caraca, meu Deus...muito bom...
ai ai...
beju
q trágico, dá pra chorar no fim....
bjs
bom blog
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