Sequestro ( Parte II - Eduardo/1)


A mudança era desgastante. Embrulhar em jornal, encaixotar as coisas, transportar, desfazer as caixas, arrumar a casa nova. Até que eu estava gostando.
O apartamento era muito bom, o entorno era movimentado, havia bares por perto, academias, padarias, mercadinhos, tudo ao alcance. Perfeito.
E agora já tinha até uma história para contar. No dia em que mudei, salvei uma mulher de ser atropelada, que por acaso era muito bonita. Mas não foi só isso. Enquanto subia varias vezes para levar a mudança, tive o encontro da minha vida no elevador.
Era a ultima caixa, estava segurando-a entre os braços, quando, pouco antes da porta do elevador se fechar, vi a mulher mais linda do mundo. Era mais baixa do que eu, tinha cabelos que ondulavam como as ondas do mar e tinham a cor do chocolate mais saboroso que se possa imaginar. Tinha olhos misteriosos e escuros como breu, mas quebrava qualquer densidade com seu sorriso acolhedor.
_ Oi! Vai mudar pro sétimo?
_ Vou sim.
_ Quer ajuda?
_ Não obrigado, tá tudo bem. Além do mais não fica legal pedir ajuda a uma mulher quando se tem apenas uma caixa nas mãos.
Ela sorriu com um ar de desaprovação.
_ Acredita mesmo nisso? Não tem mais essa não.
_ Não! Não acredito, não. Foi brincadeira.
Como eu estava sendo idiota, porque havia feito aquele comentário completamente desnecessário. Ela se calou. Eu tinha que puxar um assunto antes que ela saísse ou o sétimo chegasse.
_ Qual seu nome?
_ Lara, e o seu?
_ Edu. Eduardo, mas chama de Edu.
_ A sim, pode deixar.
Droga! Acabou o assunto de novo. Tenho que ler mais, cadê meu vocabulário, ou será que ela está me deixando nervoso?
_É...
_ Vou descer aqui. Moro em baixo do seu apartamento, se precisar de alguma coisa é só falar. Prazer
_ Eu falo. Prazer também.
Encantamento era o que definia o que eu sentia agora. Passava pela minha cabeça toda a conversa do elevador, palavra por palavra dezenas de vezes.
Arrumei as coisas no apartamento, planejei o que tinha de fazer e fui dormir.
No dia seguinte retomei minhas atividades, trabalhei, aproveitei para me matricular na academia, até entrei em um curso de violão. Adorava aquele lugar, tudo era perto, podia ir andando para o trabalho, academia, curso. Sem contar a praça que findava a extensão da rua. Ótimo lugar para descansar, sentar e ler.
Depois de me estabilizar, criei um objetivo: conquistaria Lara.
O açúcar começou a faltar na minha casa, o café também, o arroz, o feijão, o sabonete, a pasta de dentes, pedia sempre alguma coisa a ela. Até me indagar:
_ Você está com problemas financeiros ou só quer arrumar uma desculpa para falar comigo?
A principio me choquei, não esperava essa situação.
_ É desculpa. Queria ter algum motivo pra vir até você.
Ela gargalhou:
_ É tão mais fácil você me convidar para sair, do que ficar acabando com minha dispensa.
Como ela era incrível. Eu cheio de receios, por culpa da meiguice que demonstrava e ela cheia de atitude.
_ Ok! Quando posso levar você pra jantar?
_ Jantar? Não pode...
Queria me esconder debaixo do capacho em frente à porta assim que as palavras dela entraram em meus ouvidos.
_ ...Vamos a um lugar que eu adoro. É uma bar com musica ao vivo, tem um clima muito legal, alem de apresentações de textos dramatizados. Tem um sebo embaixo, podemos sentar lá, ver uns livros, uns discos, cds...e depois subir pro bar, ouvir boa música, beber um pouco. O que acha?
Definitivamente era a mulher mais encantadora que eu havia conhecido. A vontade de me esconder fugiu correndo.
_ Claro!Quando podemos ir?
Ela titubeou um pouco, disse que a agenda estava meio conturbada por culpa do trabalho, mas que assim que ela acabasse o livro que estava escrevendo agente marcaria.
Eu confesso que murchei um pouco, mas sabia que valia a pena esperar.
Continuei minha rotina, mas sempre que sentia vontade de vê-la batia na porta dela, sentávamos na escadaria de incêndio e ficávamos conversando pela madrugada adentro.
Até que numa noite voltando da academia, ao estacionar, senti uma pancada na cabeça, e quando acordei, ainda meio zonzo, estava amarrado em uma cama. Pensei logo que havia sido seqüestrado, que iam me matar. Tentei fazer força para me soltar, mas estava muito bem amarrado. Tentei gritar, mas tinha uma fita em minha boca. Assim que resolvi esperar para ver o que viria a acontecer, comecei a reparar que estava num quarto muito bonito, de mulher com certeza, tinha um cheiro bom de baunilha, a cama era macia e tudo estava muito limpo. Foi quando uma mulher, vestida com um robbie preto quase transparente, de cabelos ruivos e olhos azuis entrou no quarto e começou a falar. Realmente não prestei atenção em nada do que estava dizendo, fiquei prezo ao movimento que o tecido fazia tocando sua pele alva, enquanto ela andava pelo quarto.
Passava por minha cabeça agora que meus amigos haviam planejado tudo, aqueles sem vergonhas. Ela sentou do meu lado na cama e consegui ver seu rosto claramente. Era alguém que eu conhecia. Será que ela trabalhava como...Não tinha cara, nem jeito. Foi então que comecei a ouvi-la.
_ Desculpa eu ter feito isso com você. Mas eu queria muito uma chance de te conhecer, sei lá, de termos alguma coisa...
Eu queria dizer que existiam modos mais fáceis mas ela não tirava a fita.
_Eu gosto de você desde a primeira vez que nos vimos, quando me salvou de ser atropelada. Lembra?
Agora eu lembrava, sabia que eu a conhecia da li, mas não sabia por quê. Agora estava bem claro. Ela ficou falando por muito tempo. Contou tudo que eu fazia, todas as vezes que eu havia lhe dito – Bom dia!, tudo o que sabia sobre mim. Estava me sentindo um ídolo adolescente capturado por uma fã. Já não agüentava mais a ouvir falar, quando as coisas começaram a ficar interessantes.
Ela tirou o robbie e eu pude ver seus seios torneados, sua cintura esculpida, sua pele branca e seus olhos me desejando ardentemente.
Sentou sobre meu corpo amarrado, aproximou-se do meu rosto, tirou a fita que fechava meus lábios lentamente e quando ameacei a falar alguma coisa colocou seu dedo frio sobre meus lábios como sinal de silêncio – Shiii!, calei-me imediatamente, e sentindo seus cachos rubros tocarem minha pele, degustei seu beijo como se provasse de uma fruta fresca. Se apossando do meu corpo tirou minha roupa desamarrando membro por membro e amarando-os novamente. Quis pedir para que me deixasse desamarrado, mas me contive. Saboreando meus contornos com seus lábios quentes me provava cada vez mais que deveria ficar quieto. Encaixou-se em mim, se satisfez de prazer como se estivesse exilada por muitos anos, distanciada de seus próprios desejos.
Deitou-se ao meu lado, abraçou-me e sem dizer uma palavra adormeceu. Ainda incomodado por estar amarrado, fingi o conforto e dormi também.

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Edu fala de mais! Então dividi a parte dele em duas.
“Seqüestro idéias, seqüestro vidas, seqüestro atenção, seqüestro até coração.”

“Devemos ler para oferecer à nossa alma a oportunidade da luxúria.”(Henry Miller)
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Inverno ( Haikai - Oficina Autores )


Estando feliz
Amor, tire-me o ardor
dessa tarde griz.
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Este é um poema de forma fixa, 1º Verso: Pentessílabo, 2º Verso: Heptassílabo, 3º Verso: Pentassílabo ( 17 Sílabas Métricas), com rima leonina.
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Sequestro ( I Parte - Elisa )


Eu tinha tudo. Um trabalho maravilhoso, um salário altíssimo, um apartamento lindo e grande, duas graduações e uma pós aos 28 anos, um carro novo, uma vida que qualquer um invejaria.
Acordava todos os dias as seis da manhã, chegava ao trabalho as sete e lá permanecia até as dezoito, dezenove...para que eu voltaria para casa com pressa, alimentar o gato, ou ver TV, ou terminar um livro. Era isso que me esperava todos os dias, alguns livros para terminar de ler. Nenhum abraço, nenhum boa noite, nenhum sorriso.
Muitas vezes parava para tomar um café na cafeteria da esquina só para conversar com a balconista, só para conversar com alguém. Sempre quis ser forte diante dos outros e não deixava transparecer minha solidão, sorria e parecia estar feliz sempre. Uma vez me disseram que se você parece estar feliz é meio caminho andado para estar realmente, mas não estava fazendo muita diferença.
Ao chegar em casa, como um ritual diário, sentava numa poltrona individual aconchegante e quentinha diante da janela da sala, escolhia um livro para ler durante a semana, e destrinchava a história fosse drama, terror, suspense, amor, comédia, ou outro tema que me driblasse a atenção. Contudo hoje a visão que eu tinha da janela mudara. Via sempre a sala no apartamento vazio do outro lado da rua na altura do meu andar, o sétimo, que sempre me lembrava o quanto sozinha eu estava. Então vi uma luz naquela sombria sala acompanhante de minhas leituras. Vi dois homens andando pelo apartamento, me desprendi do livro e fiquei a observá-los. Reparei que um mostrava os cômodos como se fosse um vendedor e o outro sorria como se estivesse satisfeito de conhecer o que possivelmente seria sua futura casa. Fiquei a olhá-los até que fossem embora. Voltei a ler e adormeci ali mesmo.
Acordei com o sol em meu rosto, havia perdido a hora, logo eu que que sempre fui tão pontual. Me arrumei correndo, peguei as coisas que precisava e meio desnorteada desci à garagem, joguei tudo dentro do carro, tentei ligar mas não queria pegar de jeito nenhum, já passava pela minha cabeça estrangular alguém que passasse pelo meu caminho e falasse alguma piadinha tipo: _ Não tá pegando? É só girar a chave! – odiava essas coisas idiotas.
Juntei tudo que havia espalhado pelo carro e fui pegar um táxi. Corri para fora e quando visualizei um táxi vindo saí desvairada para o outro lado da rua sem olhar para atravessar. Num rápido estalo me vi jogada na calçada com um homem sobre mim e todas as minhas coisas esparramadas no chão.
_ Deixe que eu te ajudo a levantar moça. Tem que tomar cuidado ao atravessar, podia ter morrido.
Enquanto ele falava eu não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Era um anjo? Não. Um deus? Não. Era o cara que vi no apartamento ontem.
_ É que eu estou muito atrasada para o trabalho, adormeci lendo ontem e perdi a hora.
_ É perde a hora, perde a vida. Assim você vai bem! – sorriu.
Além de lindo era engraçado. Acho que por isso nem senti o corte no meu joelho que sangrava escorrendo pela minha perna.
_ Você precisa fazer um curativo aí. Vá a um hospital, só pra ver se está tudo bem. Já está atrasada mesmo, falta de uma vez.
Como eu não pensara nisso, ele era um gênio. Podia ir comigo e depois passar no cartório e casarmos.
_ É vou fazer isso. Obrigado por me salvar. Qual seu nome?
_ Eduardo, mas costumam me chamar de Edu.
_ Prazer Edu. Sou Elisa.
_ Desculpe Elisa, mas tenho que ir. Já salvei uma dama e preciso cuidar da mudança do herói. Me mudei hoje para o sétimo desse prédio – Sorria sempre ao falar.
Não queria que ele fosse, e a idéia do casório foi para o “buraco”.
_ Eu moro no sétimo do da frente. Boa mudança pra você. Outro dia agente se esbarra.
_ Espero que não seja com risco de vida.
Sorrimos e nos despedimos.
Durante semanas, meses, saia do trabalho apressadamente só para sentar na janela e observar o que ele fazia. Deixava minha luz apagada para ele não perceber e me deleitava assistindo ele viver. Comprei até um telescópio para ver mais de perto. Era tão bom voltar para casa e vê-lo. Meus dias estavam tão mais coloridos.
Reparava nos seus horários só para cruzar com ele e falar pelo menos bom dia. Já estava dependente dele, se ele saísse ficava acordada até ele voltar, não dormia sem que desejasse boa noite da minha janela.
Queria ele por perto, mas sempre que falávamos era simpático, porem nunca me demonstrava interesse, devia ser tímido sabe lá. Eu tomaria uma atitude.
O esperei chegar da academia. Ele ia todos os dias, saia as vinte e uma e retornava as vinte duas e meia, me escondi no estacionamento e assim que trancou a porta do carro, segurei com força a chave de roda que tinha na mão e bati rapidamente em sua nuca. Arrastei-o até meu carro, sai da garagem dele para a minha, subi pelo elevador de serviço e o coloquei amarrado à cama.
Pulsos e tornozelos atados em meu leito...

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Esse texto é uma seqüência. Ainda virão mais três partes e surgiram mais alguns personagens.
Esse seqüestro ainda vai se desenrolar. Torça por quem mais gostar!
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Relações não compartilhadas (Trab p/ Oficina Autores)


Ainda desnorteado, pegou a primeira garrafa de bebida que viu pela casa e entornou seu conteúdo pela garganta a dentro. Dentre as lágrimas e os goles gritava pela casa:
_Não acredito!!Não é possível!!Como isso dói!!
Em sua cabeça se repetia sem interrupção a cena: “Ela linda e sorridente e ele tolo se declarando”. Como podia imaginar que ela lhe daria um não tão gracioso que nem odiá-la conseguiria, e agora teria que conviver com ela e com o não.
Bebia como se cada gota de álcool fosse amenizar a dor que sentia, mas cada gota ingerida saia por seus olhos, pois quando pensava que ia parar com o choro, ele se intensificava.
Queria fugir, viajar, sei lá! Qualquer coisa para esquecer tudo e ela.
Num estalo de pensamentos, veio a idéia de ligar para alguém que de ouvidos dispusesse para agüentar suas lamentações. O engraçado que a primeira pessoa que se lembrou foi a amiga, que outrora tinha recebido um não como o dele, mas que o dono do não era ele.
Ligou mesmo assim, tinha certeza que ela o ouviria.
_Alô! Sara?
_Oi, Di! Sabe que horas são? 03:45 da manhã! Tá tudo bem?
_ Não – soluçava -, acho que vou cometer uma loucura a qualquer momento, preciso de você!
Ela que sempre sonhara ouvir dele “preciso de você”, não gostou nada de tê-lo ouvido desse jeito, mas como nunca conseguira deixar de amá-lo, rapidamente pegou o carro e foi até ele. Logo que chegou viu a porta entre aberta, pensou no pior, correu para dentro chamando:
_Di!Di! Cadê você?
Se deparou com seu amigo ou amado (precisava se decidir) deitado no sofá com uma garrafa de vodka na mão e lágrimas escorrendo dos olhos.
Queria brigar, gritar, chamá-lo de idiota, mas não conseguiu.
Abaixou-se suavemente ao lado do sofá, e enchendo de lágrimas os olhos disse:
_ Por que está fazendo isso com você? Não importa o que aconteceu, não se maltrata desse jeito.
Olhando para o rosto sereno de Sara, fitou os olhos mareados dela e disse:
_ Tá doendo. Muito.
E contou tudo o que havia ocorrido naquela noite. Sara esboçou um sorriso no canto da boca.
_ Eu sei que dói. Sei que dói muito. É difícil acreditar quando alguém fala que sabe como agente se sente. Mas sei como é se sentir a pessoa mais insignificante do mundo, e aí quando você quer odiar quem te fez se sentir assim não consegue, no máximo fica decepcionado e jura não gostar mais, contudo quando essa mesma pessoa faz alguma coisa de bom, te reconquista e você esquece tudo de ruim que você sentiu, até a dor.
As lágrimas pararam assim que ela terminou de falar. Pensou o quanto egoísta estava sendo, sempre soube que ela gostava dele, e agora se aproveitara disso para amenizar sua dor. Como podia ser tão insensível?
_ Sara me desculpa. Sempre soube que você gostava de mim, e mesmo assim, hoje, a única pessoa que eu chamo para compartilhar disso é você. Devo estar te fazendo mal.
Ela sentiu uma vontade de chorar subindo por sua garganta, mas a engoliu. Respirou fundo e disse:
_Fazendo mal? É está! Mas sabe de uma coisa? Posso amá-lo ainda, porém aprendi que me amo mais que a você. E que mesmo que eu chore por isso, quando a ultima lágrima cair não terá mais volta.
Ela abriu um lindo e suave sorriso. Ele sentiu um nó na garganta. Ela continuou:
_ Vai acontecer o mesmo com você, uma hora passa.
Num impulso segurou a cabeça da amiga e a beijou, ela correspondeu ao beijo. Ele ouviu sinos e sentiu um frio na barriga...

Aqui faço um corte. Quero dar dois finais a essa história. Um para uma amiga que precisa de finais felizes e o outro para mim.

1º -... Ela, que nunca o beijara antes, só confirmara que não era amigo, sim amado.
Di nunca mais precisou chorar ou sentir dor, Sara o curara desse mal.

2º - ...Ela derramou sua ultima lágrima.
Levantou e andou até a porta, olhou para ele e disse:
_ Não tem mais volta.
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Imaginação (Miniconto)


As vezes eu me perco no mundo por causa dela, mas se não a tivesse seria um pouco mais triste.
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Despertar (Oficina de Minicontos)


Esperando debaixo das cobertas, fingia dormir o menino.
Silêncio!
Era a Hora.
Rapidamente pegou a chave do carro do pai e saiu.
Dirigiu a noite toda. Conheceu animais ferozes, planetas distantes, castelos e reis.
Voltou para casa encantado.
Num piscar de olhos viu seu pai na porta do quarto.
_ Boa noite filho. Da proxima vez espere eu chegar para adormecer.
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Retrato


E assim olhava para o mundo
Tudo era feito de luz
Possui o dom de mudar um segundo
Juntando tudo ao que reduz.

Vive da alegria alheia
Sonha com um final feliz
Faz da bonita feia
Mudando de cena a atriz.

Sorri sem medida alguma
A fraco o forte conduz
Toca o coração como pluma
Aliviando de cada um sua cruz.

Fortaleza segura desfaz
Com os olhos demonstra o que vem
Da tristeza beleza traz
Para mostrar que seu forte é o bem.

Da lágrima tira sustento
Da dor faz inspiração
A vida enche de fermento
Para crescer nesse mundo vão.

É criança que repousa alegre
Debruçada em cima do livro
Sem martelo a idéia pregue
Na parede do seu abrigo.

As idéias não dizem a idade
_É sabida! diz a Maria
Traz virtude na maturidade
O que esconde é sabedoria.

Pelos olhos vejo o efêmero
Só queria tê-los por perto
Da imagem tirar o que quero
Em retrato torná-lo perpétuo.
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Sensualidade


Era noite, umas 18 ou 19 horas, e ao sair do trabalho lembrei que precisava comprar umas cuecas novas. Mesmo morando sozinho minha mãe sempre me inspecionava e nesse final de semana jogara fora todas as minhas cuecas, disse que estavam ruins, velhas, eu não vi nada disso. Então me dirigi à uma dessas lojas de departamentos, lá com certeza teria alguma coisa.
Andei um pouco pela loja, não estava encontrando onde ficavam as cuecas, meias, essas coisas. Logo que as vi fui rapidamente pegar as que estavam mais perto (Vai saber por que tenho vergonha de comprar cuecas!), assim que peguei um daqueles pacotes que vem com cinco por um preço só, vi diante de meus olhos a mulher mais linda do mundo. Fiquei inerte! Ela olhava lindas e “sexys” lingeries, mexia nos cabelos ondulados e escuros, via modelos diferentes, andava passos fortes.
Sabe essas mulheres que você passa por uma pela rua e pensa que nunca poderia ter uma dessas porque ou ela o acharia burro porque é mais inteligente que você, ou te acharia feio porque ela é linda, ou inseguro porque ela forte, ou criança porque ela madura, ou qualquer defeito porque ela é perfeita.
Foi então que ela me olhou de repente e com aqueles olhos penetrantes e misteriosos e me pergutou:
_Qual você acha mais sexy a preta com rosa ou a branca com vermelho?
Acabara de me fazer imaginá-la com as duas. Realmente não tinha qual não ficasse sexy nela, o que importava é que ela estivesse vestindo.
Foi aí que me dei conta do que havia dito a ela:
_Se você estiver vestindo, qualquer uma!
Enquanto me preparava para levar um fora, ela naquela postura de mulher bem resolvida me respondeu:
_Vou levar as duas então!Aliais, gostaria que me desse sua opinião quando eu estiver vestida com elas...me de seu telefone.
Ela nem me perguntou, era uma ordem, que eu atendi prontamente. Pegou seu celular e anotou o número. Deu-me um tchau insinuante e foi embora.
Pensei que ela não ligaria, mas antes que eu saísse da loja ela ligou e disse que me esperava na entrada.
Estava na fila do caixa, larguei as cuecas e fui rapidamente até a porta...estava lá, encostada na lateral da entrada, me olhava como se fosse me agarrar ali mesmo, ainda desacreditando mantive-me estável e falei:
_Quer ir lá para casa?
Ela nem respondeu, saiu andando na frente, eu fiquei parado pensando ter falado a maior “merda” da minha vida.
_Você me convida e não vem? – disse ela.
Entramos no meu carro, pensei em vários assuntos mas travei, ela parecia nem se importar, olhava o tempo todo pela janela e poucas vezes me perfurava com seus olhares (pude até contar, em todo o caminho foram cinco vezes).
Chegamos ao meu apartamento, ela perguntou onde era o banheiro e eu, ainda sem palavras, apontei.
Não estava acreditando naquilo, eu e aquela mulher deliciosa.
Ela saiu do banheiro só com a lingerie, a preta com rosa, veio andando lentamente ate parar na minha frente, me olhava nos olhos, me fez até tremer, nossa ela me dava medo.
Pegou minha mão e me levou até minha cama, me parou diante da cama e me empurrou, sorria com um ar de maldade cheio de malicia, engatinhou sobre mim, elevou minhas mãos e as segurou sobre minha cabeça, e me beijou.
Os melhores beijos da minha vida!
Arrancou minha blusa.Beijou minha boca, meu pescoço, meu tórax. Arrancou minhas calças. Lembrei-me das cuecas, ainda bem que minha mãe as tinha jogado fora.
Se deleitou do meu corpo como se fosse seu brinquedo.Chupões, mordidas, lambidas, beijos, sexo...
Uma, duas, três... Insaciavelmente me possuía.
Quando acordei, antes de abrir os olhos, pensava: “encontrei a mulher da minha vida, estava apaixonado, casaria em um mês, teria filhos e faria sexo até envelhecer com ela e só ela!!”
O sol entrava pena janela, quando virei para o outro lado da cama com a intenção de abraçá-la, mas meus braços só encontraram um bilhete em cima do travesseiro que dizia:
_Bom dia! A noite foi ótima...
Estava surpreso por ela não estar ali, mas pensei: “ela tinha que chegar cedo ao trabalho”, mas não parou ali:
_ ...mas não fique chateado, foi só S-E-X-O!
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Noite Comum


Estava sentada na cama, me preparando para dormir nessas noites tão frias. Com as pernas entrelaçadas, como qualquer criança sabe fazer, mexia com uma colher meu leite quente com açúcar queimado, coisa para quem esta resfriado.
De repente comecei a prestar atenção naquele barulhinho que a colher fazia ao bater nas paredes de louça da caneca. E daí se desencadeou uma sonoridade tão particular da noite. Ouvia um galo que devia estar com problemas no seu rádio relógio. Ouvi uns gatos uivando, acho que não deveriam estar no seu normal. Algumas vozes bem longe, que mal dava para entender ou diferenciar o sexo de quem falava. Ouvia de vez em quando um veículo passando na estrada um tanto distante. E ali parada - não completamente porque ainda mexia a colher - fiquei tentando ouvir mais distante, e mais distante...
Fazendo isso provoquei pensamentos que estavam adormecidos e que sairam correndo fazer barulho. Lembrei de coisas que já havia me esquecido, até algumas sensações começaram aparecer, comecei a voltar a me sentir uma pessoa pequenininha e triste, e as lágrimas até começaram a tentar florescer.
Foi quando fui interrompida por um barulho.
Era a porta do quarto que por sua idade já faz barulho ao abrir, e quem entrava era só uma pessoa que me ama.
Deixei de ouvir tudo e pude dormir.
Eu pedi obrigada!
Talvez ela nunca entenda porque do agradecimento, mas ela era o que eu precisava lembrar naquele momento.
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Quadro Clinico Atual




Compulsão de escritas sem sentido causa distúrbios do tipo experimentado por mim:
_Causa dependência de um endereço eletrônico, de um diário online e amigos meramente virtuais que qualquer contato sensorial não é estabelecido.
(Jaqueline Gomes)
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Conpartilhamos relações não compartilhadas!
Em sua homenagem minha Antropologa favorita!!
Você resumiu!
Por ter pouco poder de sintese eu te posto aqui!!
Mas estou aprendendo!
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