
O apartamento era muito bom, o entorno era movimentado, havia bares por perto, academias, padarias, mercadinhos, tudo ao alcance. Perfeito.
E agora já tinha até uma história para contar. No dia em que mudei, salvei uma mulher de ser atropelada, que por acaso era muito bonita. Mas não foi só isso. Enquanto subia varias vezes para levar a mudança, tive o encontro da minha vida no elevador.
Era a ultima caixa, estava segurando-a entre os braços, quando, pouco antes da porta do elevador se fechar, vi a mulher mais linda do mundo. Era mais baixa do que eu, tinha cabelos que ondulavam como as ondas do mar e tinham a cor do chocolate mais saboroso que se possa imaginar. Tinha olhos misteriosos e escuros como breu, mas quebrava qualquer densidade com seu sorriso acolhedor.
_ Oi! Vai mudar pro sétimo?
_ Vou sim.
_ Quer ajuda?
_ Não obrigado, tá tudo bem. Além do mais não fica legal pedir ajuda a uma mulher quando se tem apenas uma caixa nas mãos.
Ela sorriu com um ar de desaprovação.
_ Acredita mesmo nisso? Não tem mais essa não.
_ Não! Não acredito, não. Foi brincadeira.
Como eu estava sendo idiota, porque havia feito aquele comentário completamente desnecessário. Ela se calou. Eu tinha que puxar um assunto antes que ela saísse ou o sétimo chegasse.
_ Qual seu nome?
_ Lara, e o seu?
_ Edu. Eduardo, mas chama de Edu.
_ A sim, pode deixar.
Droga! Acabou o assunto de novo. Tenho que ler mais, cadê meu vocabulário, ou será que ela está me deixando nervoso?
_É...
_ Vou descer aqui. Moro em baixo do seu apartamento, se precisar de alguma coisa é só falar. Prazer
_ Eu falo. Prazer também.
Encantamento era o que definia o que eu sentia agora. Passava pela minha cabeça toda a conversa do elevador, palavra por palavra dezenas de vezes.
Arrumei as coisas no apartamento, planejei o que tinha de fazer e fui dormir.
No dia seguinte retomei minhas atividades, trabalhei, aproveitei para me matricular na academia, até entrei em um curso de violão. Adorava aquele lugar, tudo era perto, podia ir andando para o trabalho, academia, curso. Sem contar a praça que findava a extensão da rua. Ótimo lugar para descansar, sentar e ler.
Depois de me estabilizar, criei um objetivo: conquistaria Lara.
O açúcar começou a faltar na minha casa, o café também, o arroz, o feijão, o sabonete, a pasta de dentes, pedia sempre alguma coisa a ela. Até me indagar:
_ Você está com problemas financeiros ou só quer arrumar uma desculpa para falar comigo?
A principio me choquei, não esperava essa situação.
_ É desculpa. Queria ter algum motivo pra vir até você.
Ela gargalhou:
_ É tão mais fácil você me convidar para sair, do que ficar acabando com minha dispensa.
Como ela era incrível. Eu cheio de receios, por culpa da meiguice que demonstrava e ela cheia de atitude.
_ Ok! Quando posso levar você pra jantar?
_ Jantar? Não pode...
Queria me esconder debaixo do capacho em frente à porta assim que as palavras dela entraram em meus ouvidos.
_ ...Vamos a um lugar que eu adoro. É uma bar com musica ao vivo, tem um clima muito legal, alem de apresentações de textos dramatizados. Tem um sebo embaixo, podemos sentar lá, ver uns livros, uns discos, cds...e depois subir pro bar, ouvir boa música, beber um pouco. O que acha?
Definitivamente era a mulher mais encantadora que eu havia conhecido. A vontade de me esconder fugiu correndo.
_ Claro!Quando podemos ir?
Ela titubeou um pouco, disse que a agenda estava meio conturbada por culpa do trabalho, mas que assim que ela acabasse o livro que estava escrevendo agente marcaria.
Eu confesso que murchei um pouco, mas sabia que valia a pena esperar.
Continuei minha rotina, mas sempre que sentia vontade de vê-la batia na porta dela, sentávamos na escadaria de incêndio e ficávamos conversando pela madrugada adentro.
Até que numa noite voltando da academia, ao estacionar, senti uma pancada na cabeça, e quando acordei, ainda meio zonzo, estava amarrado em uma cama. Pensei logo que havia sido seqüestrado, que iam me matar. Tentei fazer força para me soltar, mas estava muito bem amarrado. Tentei gritar, mas tinha uma fita em minha boca. Assim que resolvi esperar para ver o que viria a acontecer, comecei a reparar que estava num quarto muito bonito, de mulher com certeza, tinha um cheiro bom de baunilha, a cama era macia e tudo estava muito limpo. Foi quando uma mulher, vestida com um robbie preto quase transparente, de cabelos ruivos e olhos azuis entrou no quarto e começou a falar. Realmente não prestei atenção em nada do que estava dizendo, fiquei prezo ao movimento que o tecido fazia tocando sua pele alva, enquanto ela andava pelo quarto.
Passava por minha cabeça agora que meus amigos haviam planejado tudo, aqueles sem vergonhas. Ela sentou do meu lado na cama e consegui ver seu rosto claramente. Era alguém que eu conhecia. Será que ela trabalhava como...Não tinha cara, nem jeito. Foi então que comecei a ouvi-la.
_ Desculpa eu ter feito isso com você. Mas eu queria muito uma chance de te conhecer, sei lá, de termos alguma coisa...
Eu queria dizer que existiam modos mais fáceis mas ela não tirava a fita.
_Eu gosto de você desde a primeira vez que nos vimos, quando me salvou de ser atropelada. Lembra?
Agora eu lembrava, sabia que eu a conhecia da li, mas não sabia por quê. Agora estava bem claro. Ela ficou falando por muito tempo. Contou tudo que eu fazia, todas as vezes que eu havia lhe dito – Bom dia!, tudo o que sabia sobre mim. Estava me sentindo um ídolo adolescente capturado por uma fã. Já não agüentava mais a ouvir falar, quando as coisas começaram a ficar interessantes.
Ela tirou o robbie e eu pude ver seus seios torneados, sua cintura esculpida, sua pele branca e seus olhos me desejando ardentemente.
Sentou sobre meu corpo amarrado, aproximou-se do meu rosto, tirou a fita que fechava meus lábios lentamente e quando ameacei a falar alguma coisa colocou seu dedo frio sobre meus lábios como sinal de silêncio – Shiii!, calei-me imediatamente, e sentindo seus cachos rubros tocarem minha pele, degustei seu beijo como se provasse de uma fruta fresca. Se apossando do meu corpo tirou minha roupa desamarrando membro por membro e amarando-os novamente. Quis pedir para que me deixasse desamarrado, mas me contive. Saboreando meus contornos com seus lábios quentes me provava cada vez mais que deveria ficar quieto. Encaixou-se em mim, se satisfez de prazer como se estivesse exilada por muitos anos, distanciada de seus próprios desejos.
Deitou-se ao meu lado, abraçou-me e sem dizer uma palavra adormeceu. Ainda incomodado por estar amarrado, fingi o conforto e dormi também.
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Edu fala de mais! Então dividi a parte dele em duas.
“Seqüestro idéias, seqüestro vidas, seqüestro atenção, seqüestro até coração.”
“Devemos ler para oferecer à nossa alma a oportunidade da luxúria.”(Henry Miller)
4 comentários:
Estou oferecendo minha alma a luxuria por favor faça a sua parte,continue me oferecendo textos que me sequestram a atenção.ahahahah
bjo.
e eu que já mudei mais de 10 vezes na vida nunca dei uma sorte dessas :p
Eu não me mudei tanto quanto o cara ai de cima, mais tambem nunca dei esta sorte...
Continue se não te sequestro...
(...)
é necessário ter a palavra sequestro no comentário??
se for... por favor, continue o texto, deixe morrê não, senão... eu sequestro seus personagens!
haha!
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