
Acordava todos os dias as seis da manhã, chegava ao trabalho as sete e lá permanecia até as dezoito, dezenove...para que eu voltaria para casa com pressa, alimentar o gato, ou ver TV, ou terminar um livro. Era isso que me esperava todos os dias, alguns livros para terminar de ler. Nenhum abraço, nenhum boa noite, nenhum sorriso.
Muitas vezes parava para tomar um café na cafeteria da esquina só para conversar com a balconista, só para conversar com alguém. Sempre quis ser forte diante dos outros e não deixava transparecer minha solidão, sorria e parecia estar feliz sempre. Uma vez me disseram que se você parece estar feliz é meio caminho andado para estar realmente, mas não estava fazendo muita diferença.
Ao chegar em casa, como um ritual diário, sentava numa poltrona individual aconchegante e quentinha diante da janela da sala, escolhia um livro para ler durante a semana, e destrinchava a história fosse drama, terror, suspense, amor, comédia, ou outro tema que me driblasse a atenção. Contudo hoje a visão que eu tinha da janela mudara. Via sempre a sala no apartamento vazio do outro lado da rua na altura do meu andar, o sétimo, que sempre me lembrava o quanto sozinha eu estava. Então vi uma luz naquela sombria sala acompanhante de minhas leituras. Vi dois homens andando pelo apartamento, me desprendi do livro e fiquei a observá-los. Reparei que um mostrava os cômodos como se fosse um vendedor e o outro sorria como se estivesse satisfeito de conhecer o que possivelmente seria sua futura casa. Fiquei a olhá-los até que fossem embora. Voltei a ler e adormeci ali mesmo.
Acordei com o sol em meu rosto, havia perdido a hora, logo eu que que sempre fui tão pontual. Me arrumei correndo, peguei as coisas que precisava e meio desnorteada desci à garagem, joguei tudo dentro do carro, tentei ligar mas não queria pegar de jeito nenhum, já passava pela minha cabeça estrangular alguém que passasse pelo meu caminho e falasse alguma piadinha tipo: _ Não tá pegando? É só girar a chave! – odiava essas coisas idiotas.
Juntei tudo que havia espalhado pelo carro e fui pegar um táxi. Corri para fora e quando visualizei um táxi vindo saí desvairada para o outro lado da rua sem olhar para atravessar. Num rápido estalo me vi jogada na calçada com um homem sobre mim e todas as minhas coisas esparramadas no chão.
_ Deixe que eu te ajudo a levantar moça. Tem que tomar cuidado ao atravessar, podia ter morrido.
Enquanto ele falava eu não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Era um anjo? Não. Um deus? Não. Era o cara que vi no apartamento ontem.
_ É que eu estou muito atrasada para o trabalho, adormeci lendo ontem e perdi a hora.
_ É perde a hora, perde a vida. Assim você vai bem! – sorriu.
Além de lindo era engraçado. Acho que por isso nem senti o corte no meu joelho que sangrava escorrendo pela minha perna.
_ Você precisa fazer um curativo aí. Vá a um hospital, só pra ver se está tudo bem. Já está atrasada mesmo, falta de uma vez.
Como eu não pensara nisso, ele era um gênio. Podia ir comigo e depois passar no cartório e casarmos.
_ É vou fazer isso. Obrigado por me salvar. Qual seu nome?
_ Eduardo, mas costumam me chamar de Edu.
_ Prazer Edu. Sou Elisa.
_ Desculpe Elisa, mas tenho que ir. Já salvei uma dama e preciso cuidar da mudança do herói. Me mudei hoje para o sétimo desse prédio – Sorria sempre ao falar.
Não queria que ele fosse, e a idéia do casório foi para o “buraco”.
_ Eu moro no sétimo do da frente. Boa mudança pra você. Outro dia agente se esbarra.
_ Espero que não seja com risco de vida.
Sorrimos e nos despedimos.
Durante semanas, meses, saia do trabalho apressadamente só para sentar na janela e observar o que ele fazia. Deixava minha luz apagada para ele não perceber e me deleitava assistindo ele viver. Comprei até um telescópio para ver mais de perto. Era tão bom voltar para casa e vê-lo. Meus dias estavam tão mais coloridos.
Reparava nos seus horários só para cruzar com ele e falar pelo menos bom dia. Já estava dependente dele, se ele saísse ficava acordada até ele voltar, não dormia sem que desejasse boa noite da minha janela.
Queria ele por perto, mas sempre que falávamos era simpático, porem nunca me demonstrava interesse, devia ser tímido sabe lá. Eu tomaria uma atitude.
O esperei chegar da academia. Ele ia todos os dias, saia as vinte e uma e retornava as vinte duas e meia, me escondi no estacionamento e assim que trancou a porta do carro, segurei com força a chave de roda que tinha na mão e bati rapidamente em sua nuca. Arrastei-o até meu carro, sai da garagem dele para a minha, subi pelo elevador de serviço e o coloquei amarrado à cama.
Pulsos e tornozelos atados em meu leito...
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Esse texto é uma seqüência. Ainda virão mais três partes e surgiram mais alguns personagens.
Esse seqüestro ainda vai se desenrolar. Torça por quem mais gostar!
4 comentários:
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaadorei!!
mais mais mais!
Que legal, Natália, parabéns pelo blog!
Um beijo,
Carolina
Hahahahaha....sequencias sempre me agradam...
mas será que continua...?
Veremos...
GOSTEI
ESTÁ MEIO ERÓTICO...SERÁ?
É COMO SE EU ESTIVESSE OLHANDO PELO BURACO DA FECHADURA E .....DERREPENETE.... ALGUÉM TAPA O BURACO. Pô!, TENHO DE ESPERAR OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS. O TEXTO ESTÁ NA PRIMEIRA PESSOA....
SERÁ QUE VC VAI(?)... SOLTÁ-LO, AMÁ-LO, MARTÁ-LO,COMÊ-LO, ESQUARTEJÁ-LO PARA GUARDAR OS PEDACINHOS (PEDERÁ COMÊ -LO AOS POUCOS), DÊ UMA PISTA. AH, FAÇA COMO ALGUMAS NOVELAS DÊ DOIS, TRES FINAIS DIFERANTES PARA QUE OS LEITORES DECIDAM, PELO MENOS DIGA DIA E HORA DO PRÓXIMO CAPÍTULO.
BEM, SÓ ME RESTA ESPERAR...TODOS OS DIAS ABRO SEU BLOG
UNS BEIJOS PARA VC
93689636
gostaria q vc criticasse meus comentários, faça por e-mail
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